Amados, diante de uma
vastidão de informações sobre Ageu e sua profecia, mas uma vez me deterei na
aplicação prática das lições que aprendemos com o profeta e o seu tempo.
REPENSANDO
A NOSSA MISSÃO E PRIORIDADES
Assim
fala o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o
tempo em que a Casa do SENHOR deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do
SENHOR, pelo ministério do profeta Ageu, dizendo: É para vós tempo de
habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta? [...] Assim diz o SENHOR dos Exércitos:
Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos. Subi o monte, e trazei madeira, e
edificai a casa; e dela me agradarei e eu serei glorificado, diz o SENHOR. (Ag 1.2-4, 7-8)
Para cada tempo Deus tem uma
missão para o seu povo. Nos dias de Ageu, quando falou aos exilados que
retornaram à sua terra, a reconstrução do Templo era a missão prioritária. Em
vez de cumprir as orientações do Senhor para a realização da sua obra, o povo
negligenciou a tarefa e passou a se preocupar com os seus próprios interesses. A
palavra hebraica traduzida por “deserta” é harebh,
que significa também devastada, arruinada, assolada, em ruínas.
Diferente da missão
outorgada aos ouvintes de Ageu, a nossa, na condição de igreja, não é
prioritariamente a construção de templos, mas a edificação de vidas. A igreja é
edificada quando vidas são edificadas:
[...]
e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, (Mt 16.18)
Assim
que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da
família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de
que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; (Ef
2.19-20)
E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, (Ef
4.11-12)
Pelo
que exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros, como também o
fazeis. (1 Ts 5.11)
Mas
vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no
Espírito Santo, conservai a vós mesmos na caridade de Deus, esperando a
misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna.
(Jd 20)
Contemplamos na atualidade
uma séria inversão de valores, manifesta no fato de que estamos trocando as
pessoas por concreto e ferro. A construção de templos é em alguns casos
motivada por competição e ostentação. Em outros casos a ideia é utilizar a
suntuosidade, o luxo e o conforto dos templos para atrair “clientes” e “público”.
Precisamos perguntar para nós mesmos: É de fato necessário? É para a glória de
Deus?
Não estamos com isso generalizando, pois temos também espaços litúrgicos
adequados, simples e funcionais. É preciso ainda considerar algumas questões pertinentes aos nossos tempos, onde o espaço de culto é necessário. Não estou aqui julgando, mas apenas alertando quanto às questões aqui expostas. Se você constrói, construa para o louvor do Senhor, construa sob a direção e aprovação do Senhor. Que a nossa consciência possa estar em paz diante de Deus, que as nossas ações possam estar fundamentadas em sua palavra.
Enquanto vemos alguns “prédios”
sendo construídos e reconstruídos, enquanto enriquecemos os empresários da
construção civil, contemplamos tristemente a ruína e o empobrecimento de vidas
que carecem de socorro, atenção e ajuda, a ruína e o empobrecimento da
doutrina, a ruína e o empobrecimento da ética e da moral conforme o padrão de
Jesus, a ruína e o empobrecimento do amor e da misericórdia, a ruína e o
empobrecimento da simplicidade, a ruína e o empobrecimento de instituições que
na placa e na declaração de fé se intitulam de cristãs.
Precisamos nos voltar para a
edificação da Igreja. Precisamos nos voltar para a edificação e reconstrução de
vidas, casamentos, famílias e ministérios (vocações). Precisamos investir mais na pregação do evangelho
e no discipulado. Precisamos cumprir a missão de Deus para a nossa geração.
A
LEI DA SEMEADURA E DA COLHEITA
Ora,
pois, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos.
Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não
vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe
salário num saquitel furado. [...] Olhastes para muito, mas eis que alcançastes
pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu lhe assoprei. Por quê?
-- disse o SENHOR dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, e
cada um de vós corre à sua própria casa. Por isso, retêm os céus o seu orvalho,
e a terra retém os seus frutos. E fiz vir a seca sobre a terra, e sobre os
montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a
terra produz, como também sobre os homens, e sobre os animais, e sobre todo o
trabalho das mãos. [...] Há ainda semente no celeiro? Nem a videira, nem a
figueira, nem a romeira, nem a oliveira têm dado os seus frutos; mas desde este
dia vos abençoarei. (Ag 1.5-6; 9-11; 2.19)
Deus em graça nos concede “sementes”.
Sementes são recursos espirituais e materiais que o Senhor nos confia para
realizarmos uma boa semeadura. Quando semearmos de maneira errada, com certeza
passaremos por dificuldades e escassez. Um texto bíblico nos mostra claramente
como funciona a lei da semeadura e da colheita:
E
digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância em abundância também ceifará. Cada um contribua segundo propôs no
seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria. E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de
que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra, conforme
está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora,
aquele que dá a semente ao que semeia e pão para comer também multiplicará a
vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça; para que em tudo
enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se dêem graças a
Deus. (2 Co 9.6-11)
O contexto da passagem acima
tem haver com uma oferta levantada pelo apóstolo Paulo para ajudar os irmãos
pobres que estavam na Judeia. Os princípios que podemos extrair são:
- A semeadura é feita no
campo, roça e terreno do outro (daquele que necessita da semente), no caso aqui
a igreja de Corinto semearia na Judeia.
- Semeamos nas outras vidas,
mas colhemos em nós mesmos. Nossa colheita é proporcional a nossa semeadura (v.
6)
- A semeadura deve ser
regada pela alegria (v. 7)
- A semeadura faz com que
Deus nos dê em tudo toda suficiência, em todo o tempo, para superabundarmos
(medida excedente) em toda a boa obra (v. 8)
- As sementes que recebemos
de Deus são para ser espalhadas entre os que delas precisam (v. 9)
- A nossa generosidade em
semear fará com Deus multiplique o nosso bom depósito, multiplicando com isso
as sementes em nós e a semeadura por nós (v. 10)
- O nosso enriquecimento
espiritual e material sempre terá como objetivo a prática da generosidade, da
liberalidade em socorrer, ajudar, contribuir, compartilhar (gr. haplotes).
Observando os princípios
aqui citados, pode-se perceber a razão da falência, da insuficiência e escassez
nas vidas daqueles para quem Ageu profetizou, e na vida daqueles que hoje
trilham o caminho da avareza, do acúmulo de bens, da falta de amor ao próximo,
da indisposição em cooperar com a obra que temos para realizar.
A
PALAVRA DE DEUS PRODUZ O GENUÍNO AVIVAMENTO
Então,
ouviu Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, sumo
sacerdote, e todo o resto do povo a voz do SENHOR, seu Deus, e as palavras do
profeta Ageu, como o SENHOR, seu Deus, o tinha enviado; e temeu o povo diante
do SENHOR. Então, Ageu, o enviado do SENHOR, falou ao
povo, segundo a mensagem do SENHOR, dizendo: Eu sou convosco, diz o SENHOR. O SENHOR despertou o espírito de Zorobabel,
filho de Salatiel, governador de Judá, e o espírito de Josué, filho de
Jozadaque, o sumo sacerdote, e o espírito do resto de todo o povo; eles vieram
e se puseram ao trabalho na Casa do SENHOR dos Exércitos, seu Deus, (Ag
1.12-14)
As palavras do profeta Ageu
eram a voz do SENHOR falando ao seu povo, apelando para que refletissem sobre
aquele comportamento reprovável: “Aplicai o vosso coração aos vossos caminhos”
(Ag 1.5, 7).
A palavra provocou temor a
Deus (hb. yare, que pode ser
traduzido por respeito e reverência). O temor do povo fez com que o Senhor
levantasse (hb. ‘ur, que pode ser
traduzido por despertar, acordar) o ânimo dos líderes e do povo. O verdadeiro
avivamento gera uma mudança de conduta. Os líderes e o povo se voltaram para
realizar a obra de Deus, a missão dada pelo Senhor para aquela geração: “e vieram e trabalharam na Casa do SENHOR”.
UMA
GLÓRIA AINDA MAIOR
Ora,
pois, esforça-te, Zorobabel, diz o SENHOR, e esforça-te, Josué, filho de
Jozadaque, sumo sacerdote, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o SENHOR, e
trabalhai; porque eu sou convosco, diz o SENHOR dos Exércitos, (Ag
2.4)
Grandes conquistas envolvem
grandes esforços. Nenhum projeto de reconstrução é fácil, mas tendo o Senhor ao
lado, cooperando conosco, temos a certeza de que alcançaremos os objetivos
estabelecidos.
Como falei no início, o
grande projeto de Deus para os nossos dias é a reconstrução de vidas,
casamentos e famílias. As pessoas estão no centro da atenção de Deus. O Senhor
deseja que sejamos cooperadores dele na promoção do bem ao próximo. Ele quer
que sejamos canais de bênçãos.
Minha
é a prata, meu é o ouro, diz o SENHOR dos Exércitos. A glória desta última casa
será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos; e, neste lugar,
darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos. (Ag 2.8-9)
Aprendemos ainda com a
mensagem de Ageu que é possível reconstruir o que foi destruído por causa dos
nossos pecados. Não apenas é possível a reconstrução de vidas, casamentos,
famílias, ministérios, etc., mas a reconstrução pode vir também acompanhada de algo
melhor e maior do que aquilo que existia antes, pode vir acompanhada de um
tempo de paz. É a graça de Deus que possibilita que tudo isso aconteça para a sua
glória. Ele nos oferece todos os recursos necessários para o projeto de
reconstrução: “Minha é a prata e meu é o
ouro, disse o Senhor dos Exércitos.”
Termino este breve texto com
uma mensagem de fé e encorajamento. Se alguém lhe falou que aquilo que foi
destruído não tem mais jeito, procure ouvir o que Deus tem a dizer sobre o
assunto. Leia a Bíblia e leia as circunstâncias, pois o Senhor fala de várias
maneiras. Não desista daquilo que Deus não desistiu.
A glória do Senhor na tua
vida será maior.
A glória do Senhor no teu
casamento será maior.
A glória do Senhor na tua
família será maior.
A glória do Senhor no teu
ministério será maior.
Façamos a obra que Ele nos
mandou fazer!
Paulista-PE, 12/12/2012
Um comentário:
Caro Pr. Altair, paz do Senhor
Excelente texto; pontuou, em meio às muitas riquezas e informações que envolvem o profeta e seu tempo, o que de fato fala ao homem hoje profundamente.
Em Cristo.
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