Durante todo o período que
antecedeu as eleições 2012, em minhas viagens para atender as diversas agendas,
e agora, após a apuração dos votos, pude testemunhar em nosso país um fato que
precisa ser considerado: O chamado “voto de cajado”, assim denominado em razão
da participação direta de pastores nos pleitos eleitorais indicando e apoiando candidatos, ou militando fervorosamente, não funciona mais. Não se trata de uma questão de desobediência
das “ovelhas”, mas do exercício da liberdade no pleno exercício de sua cidadania como eleitor.
A influência dos pastores no
voto das ovelhas, na maioria esmagadora dos casos é mínima (ainda há raras exceções).
O que tem acontecido, é que quando um candidato indicado ou apoiado por um
pastor ganha, é porque esse candidato já tinha o apoio popular, de grandes lideranças
locais, estaduais ou nacionais.
A prova do que eu estou
falando se dá, quando analisamos o resultado das eleições em dois municípios onde o pastor se posicionou politicamente. Num deles o candidato
apoiado pelo pastor perde com uma margem de votos expressiva, enquanto no outro município o candidato apoiado pelo pastor ganha da mesma maneira, ou seja, com
uma diferença de votos considerável.
Pastores e políticos
experientes concordam que a atual relação entre “voto e cajado” não tem sido
interessante para a igreja, nem para a política. Como tenho sustentado, a
igreja deve apoiar com oração e cooperação as ações dos governantes, mas sem
nenhuma relação de barganha ou promiscuidade. A politização dos membros da
igreja (formação de uma consciência política), seguida quando necessário do
alerta em relação a candidatos maus intencionados, que com seus projetos e
princípios destoam dos interesses públicos e dos fundamentos da palavra, sempre
será essencial. Tudo isso feito com ética e responsabilidade.
A demonstração de força de
um líder evangélico, ou de uma igreja local não está em eleger ou não eleger alguém,
mas em buscar e fazer a vontade de Deus, e em tudo glorificá-lo. A força da
Igreja de Jesus não é política, mas sim espiritual.
Como observador do fenômeno “voto
e cajado”, e com a intenção de alertar pastores e companheiros de ministério,
afirmo que precisamos urgentemente rever
nossa relação com a política, antes que as coisas se agravem mais ainda, antes
que percamos por completo o foco da nossa verdadeira vocação de cuidadores do
rebanho do Senhor, e da prioritária missão de pregar o evangelho a toda a
criatura.
É tempo de rever e
restabelecer os limites entre “o voto e o cajado”!
“Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe
todos os reinos do mundo e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isso te darei se,
prostrado, me adorares. Então Jesus, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque
está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás.” (Mt
4.8-10)
“Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse
deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos
judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui.” (Jo 18.36)
Natal-RN, 08/10/2012.
2 comentários:
Graça e paz!
Pr. Altair,
O que falta em certas lideranças é a responsabilidade com o rebanho. Este concílio entre igreja e estado (política) não dá certo, a própria história já nos conta que quando Constantino estatizou a igreja foi grande ruína. Mas alguns pastores da atualidade insistem em cometer o mesmo erro.
Em Cristo,
André.
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