Tratando-se de igreja evangélica no Brasil (e mais especificamente da Assembleia de Deus), vivemos um momento bastante crítico
em termos de ministério pastoral. Todos os dias centenas de pessoas, pelos mais
diversos meios e formas recebem uma credencial ou uma ordenação de pastor. Qual
o compromisso com Deus daqueles que ordenam e que são ordenados ao ministério
pastoral? Quais são as suas reais intenções? Como podemos ser pastores
aprovados por Deus? Como podemos identificar pastores sérios, íntegros e
verdadeiros? Certamente, neste espaço não dá para responder todas estas
questões, mas, pelo menos poderemos promover a reflexão e o debate.
O que é um pastor? Um pastor é um cuidador de ovelhas. Alguém que
protege, alimenta, guia e procura de todas as maneiras possíveis o bem maior
para o rebanho e para cada ovelha. Ele cuida de todas e de cada uma.
SER PASTOR NOS DIAS ATUAIS
Não deveria haver diferença entre o ser pastor nos tempos bíblicos do
A.T. e N.T., com o ser pastor na atualidade. A atividade pastoral, em muitos
lugares está distante do ideal bíblico. Como já escrevi, as ovelhas estão sendo
trocadas pelas coisas. Mesmo que as coisas sejam para o bem das ovelhas, o
contato pessoal, a visitação, o aconselhamento, a pregação e o ensino não podem
ser banidos das atividades cotidianas de um pastor.
O ministério pastoral é um ministério de contato pessoal, e não de
gerenciamento à distância. O perfil do pastor bíblico é o de alguém que entra
no aprisco, e não que manda outro em seu lugar (Jo 10.2), as ovelhas reconhecem
a sua voz (Jo 10.3), chama as ovelhas pelo nome (Jo 10.2b), as conduz com
responsabilidade (Jo 10.2v), dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11), conhece as
ovelhas, ou seja, goza de amizade e intimidade com elas e por elas é conhecido
(Jo 10.14).
Com o advento da Revolução Industrial (séc. XVIII), com o modelo
capitalista de economia, e com as modernas teorias de administração, alguns
segmentos da igreja, inseridos neste contexto cultural, como sempre aconteceu,
pois a igreja não está isenta da influência externa, adotaram o modelo
"piramidal" e "departamental" de administração. Por
"piramidal" entenda-se uma forte ênfase administrativa na hierarquia
e um distância crescente de quem está no topo da pirâmide (pastores) dos que
estão na base (membros e congregados). No meio da pirâmide ficaram os
evangelistas, presbíteros, diáconos e líderes em geral.
Por "departamental" trato da criação de departamentos (como
nas fábricas, lojas, comércio e indústria). Dessa forma temos o departamento
infantil, juvenil, de senhores, de senhoras, de evangelização, de educação, de
música etc. O modelo de igreja família e comunidade doméstica, típico do Novo
Testamento, ao longo dos anos dissiparam-se. O atual modelo pode ser
aproveitado? Acredito que algumas coisas sim, desde que norteadas pelos
princípios bíblicos. O argumento de que a igreja cresceu, não significa
necessariamente que cresceu com saúde. Não são apenas modelos que fazem a
igreja crescer, antes, é o próprio Deus que faz a sua igreja crescer nas mais
diferentes circunstâncias ou situações (At 2.47; 1 Co 3.6).
No sentido de chamar a atenção para o extremo desvio da função pastoral,
escrevi um texto intitulado "Gestor ou Pastor?" que pode ser lido
clickando AQUI.
Além de todas as questões já citadas, ainda temos a política
eclesiástica, que acaba afastando alguns pastores de sua cidade, Estado ou
região. Alguns, em períodos de eleições convencionais privam a igreja de sua
presença partindo em busca de apoio e votos para cargos que não mais produzem o
que já produziram (alguns não produzem nada). Tempo e dinheiro são na atualidade gastos em vão.
Outro
fenômeno que resulta da política eclesiástica atual é a ordenação do que defino como “pastor miojo”, ou seja, são obreiros (eleitores) formados “instantaneamente”,
apenas com o propósito de votar durantes as assembleias convencionais naqueles
que os ordenaram (seus "padrinhos" ministeriais).
Entendo que uma análise séria e profunda da situação poderia mudar o
quadro, para que o ministério pastoral retomasse o seu real propósito:
"Então, os doze convocaram a
comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a
palavra de Deus para servir às mesas." (Atos 6.2).
Apenas pastores ministerialmente saudáveis poderão conduzir de maneira
saudável o rebanho do Senhor:
"Tenho, porém contra ti que
abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te
e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu
lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas". (Ap 2.4-5)
OS FALSOS PASTORES
Para agravar a situação, além de pastores que não cumprem o seu
ministério como deveriam, temos os falsos pastores que fingem cumprir e ter um
ministério "autêntico". Falo dos pilantras, dos vigaristas, dos
mercenários e bandidos de plantão e em ação.
Sem delongas, segue abaixo algumas características dos falsos pastores:
- São apascentadores de si mesmos, ou seja, ministram em causa própria
(Ez 34.2);
- São exploradores das ovelhas. Vivem no luxo absurdo e exagerado à
custa dos dízimos e das ofertas dos simples "fiéis. Confundem sustentação
com ostentação. (Ez 34.3);
- São duros, implacáveis e descompromissados com o cuidado e a saúde
integral das ovelhas (Ez 34.4-6);
OS PASTORES E A
FORMAÇÃO DAS NOVAS LIDERANÇAS

Formar novos líderes e obreiros não é algo apenas feito com cursos e
discursos, é preciso ser exemplo (1 Co 11.1; Fp 4.9; 1 Tm 4.12).
Para os jovens obreiros, sugiro a leitura do texto publicado no link abaixo,
também escrito em meu livro “Uma Liderança com Saúde”, que expressa um pouco do
meu desejo, ao mesmo tempo em que alerto para algumas realidades vivenciadas no
contexto atual do ministério pastoral:
Que na condição de pastores sejamos fiéis ao nosso chamado. Dessa maneira seremos fiéis àquele que nos chamou, Jesus, o Supremo Pastor (1 Pe 5.1-4).
2 comentários:
Pastor Altair germano a paz do Senhor.Gostei muito do seu texto,porque revela uma realidade em nossos dias que eu posso chamar de banalização do pastorado,pessoas sem compromisso com o santo ministério apenas para se promover,mas diante de tudo isso eu louvo a Deus porque Deus tem escolhido pastores segundo o seu coração.Agradeço a Deus por ter um pastor abençoado por Deus que serve ao rebanho.Que Deus continue lhe usando pastor Altair,a paz do Senhor.
gostei muito desse comentario.Que Deus continue e te abençoar.
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