No presente subsídio para a lição bíblica da semana, utilizarei o mesmo método da lição A Família e a
Escola Dominical, ou seja, farei algumas provocações no sentido de promover
reflexões, e consequentemente ações concretas à luz da Bíblia. Sabendo que a
família é “o elemento básico da igreja”, por quais motivos algumas famílias estão negligenciando as famílias?
Não quero transferir toda a responsabilidade
para a liderança, e nem para a igreja local, do fato de muitas famílias (ou
alguns membros destas) não frequentarem mais a igreja, ou seja, contemplamos em
nossos dias a “desigrejação" de famílias. Pretendo aqui suscitar algumas questões
para discussão em sala de aula.
A
IGREJA LOCAL É UM ESPAÇO DE ACOLHIMENTO, OU DE MERO CADASTRAMENTO DE FAMÍLIAS?
Com o crescimento numérico
de algumas igrejas, e com a falta de um programa organizado de discipulado e
acolhimento, muitas famílias estão literalmente esquecidas. Ao chegar uma nova
família na igreja local com carta de mudança (ou sem ela), há um interesse em
regularizar a situação administrativa da mesma, cadastrando seus membros na
secretaria. No caso da conversão de famílias, há igrejas que possuem uma equipe
para anotar nomes, endereço, contatos, etc., e para informar aos novos
convertidos os dias de cultos e outros trabalhos. A questão que levanto aqui é
se estamos de fato acolhendo famílias, ou simplesmente cadastrando famílias na
igreja local. Na condição de Igreja, devemos cuidar de famílias, e não apenas introduzi-las
nos programas semanais. Qual o estado das famílias da igreja onde você congrega
ou pastoreia? Elas estão acolhidas ou apenas cadastradas?
A
IGREJA LOCAL É UM ESPAÇO DE COMUNHÃO E ADORAÇÃO, OU DE MERA REUNIÃO DE FAMÍLIAS?
Reunir as famílias em um ou
dois cultos semanais não é tudo, é preciso promover a comunhão entre as
famílias. Na próxima reunião (culto) da igreja onde você congrega, observe quem
está sentado ao seu lado, e veja se você sabe o nome daquela pessoa, ou a qual
família pertence. Em algumas igrejas os seus frequentadores são ilustres
famílias desconhecidas uma das outras. Aliás, em alguns casos a comunhão não
existe, pois o interesse da igreja local (e sua liderança) é por clientes, e
não por crentes. O que vale nesses casos é participar dos “desafios” e “campanhas”,
deixando sempre uma boa e gorda oferta (ou dízimo). A comunhão foi trocada pela
barganha com Deus. O que interessa é ir “buscar a bênção”, “lutar com o anjo”, “colocar
Deus na parede”, “plantar para semear”, “determinar a vitória” e coisas
semelhantes a estas. O culto de adoração e pregação foi trocado pelo “culto da
vitória”, “noite do milagre”, “tarde da restituição”, “manhã da conquista”. Deus
deixou de ser adorado, e as suas “bênçãos” tornaram-se o objeto de culto. A
glória de Deus deixou de se buscada, e as nossas necessidades ganharam
prioridade no culto. A família está clamando pela verdadeira comunhão e
adoração na igreja.
A
IGREJA LOCAL É ESPAÇO PARA SERVIÇO, OU MERA PROPRIEDADE DE ALGUMAS FAMÍLIAS?
Aqui temos uma patologia
eclesial invertida. Há famílias que se acham donas da igreja local. Por serem fundadoras,
influentes ou ricas, querem ditar as normas e pastorear o pastor da igreja. Tais
famílias chegam ao ponto de mobilizar a igreja contra o pastor. Estas famílias
estão na igreja, mas não querem servir, querem “mandar”, desejam privilégios,
anseiam cargos. A igreja de Jesus não tem donos, Ele é o seu único Senhor: “[...] edificarei a minha igreja [...]”
(Mt 16.18). Há muitos pastores que estão gemendo por causa destas famílias.
Temos também as famílias que se acham donas de conjuntos, corais e órgão
musicais, as donas da escola dominical, as donas do departamento infantil, de
adolescentes e jovens, as donas do departamento de senhoras, etc.
É a vontade de Deus que as
famílias estejam na igreja cuidando e sendo cuidadas, acolhendo e sendo acolhidas,
amando e sendo amadas, edificando e sendo edificadas. É a vontade de Deus que as famílias estejam na igreja vivendo conforme
a sua Palavra, e em tudo buscando a sua glória !
Um comentário:
Caro Pr Altair Germano,
Vozes como essa, que trazem com imparcialidade verdades à reflexão, são imprescindíveis para que a igreja não saia totalmente dos "trilhos" do Evangelho de Jesus Cristo. Que outros arautos se levantem para que a igreja reflita se sua práxis está compatível com o Evangelho do Reino.
A Deus toda a glória.
José Filho
AD/São Luís/MA
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