PALAVRAS-CHAVE
- Prostituição (hb. zenunim): adultério,
prostituição, devassidão, luxúria, fornicação. No sentido figurado é usada para
a prática da idolatria.
- Adultério (hb. na’aph): cometer adultério.
- Fidelidade (hb.’emunah): substantivo
utilizado para descrever o caráter verdadeiro e firme de Deus.
- Conhecimento (hb. da‘ath): compreensão, saber,
discernimento, percepção e noção (cf. Os 4.1 e 6).
- Conhecer (hb. yadha‘): saber, conhecer de maneira
relacional e experimental, conhecer no nível interpessoal (cf. Os 6.3; Gn 29.5;
Jó 19.13).
INTRODUÇÃO
Oseias iniciou seu
ministério profético no final de um período de grande prosperidade material,
durante o reinado de Jeroboão II, rei de Israel (2Rs 14.23-27). No campo
espiritual as coisas não iam tão bem, contando com a conivência da liderança da
nação (2 Cr 27.2; 2 Rs 15.35), que tolerava e apoiava a idolatria, e com isso a
prostituição espiritual era fortalecida e perpetuada.[1]
Para se ter uma ideia da
gravidade dos pecados da nação, os termos prostituição, adultério e seus
derivados aparecem cerca de 23 vezes no livro com conotação espiritual.
No livro do profeta Oseias
estão presentes a denúncia dos pecados da nação, a sentença dos juízos de Deus
por causa desses pecados, e a promessa de um tempo de restauração por causa da
fidelidade do Senhor.
Os juízos de Deus podem ser
conferidos conforme os textos de Oseias 1.4-9; 2.9-13; 3.4; 4.3; 4.7-10;
5.1-15; 7.12-14; 8.5-9; 10.5; 12.14; 13.1-3, 12-16. As promessas de restauração
são citadas em Oseias 1.1; 2.14-23; 3.5; 6.1-3; 10.12; 14.4-9.
OS
PECADOS DE ISRAEL DENUNCIADOS POR OSEIAS
Nos estudos sobre os Doze
Profetas Menores será de fundamental importância detectar os erros ou pecados
de Israel, e perceber como os tais se reproduzem na vida da Igreja, para que
dessa maneira não incorramos na repetição e na insistência tola dos mesmos.
Passemos então a uma breve descrição e análise dos fatos:
- Falta de reconhecimento de que foi o Senhor quem fez Israel prosperar
(2.5; 13.6). A soberba pode fazer com que creditemos a nossa prosperidade
material aos nossos próprios esforços, ou a ajuda de terceiros (namorados),
fazendo com que esqueçamos de que o Senhor é a verdadeira fonte de bênção e
riquezas materiais e espirituais. Reconheçamos que tudo vem dele, por sua graça
e para a sua glória!
- Olhares lascivos para outros deuses (3.1). Dentro da metáfora da
prostituição espiritual, que desencadeou a decadência moral e a crise social em
Israel, é preciso ter cuidado para o que se olha, para quem se olha e como se
olha. Somos diariamente seduzidos espiritualmente e moralmente, e se não
vigiarmos poderemos ser atraídos para “outros deuses”, ou seja, para coisas que
ocuparão o lugar do Senhor em nosso coração, assumindo a condição de “deus”,
dentre as quais podemos citar os bens materiais, a riqueza, a fama, o poder, a
imoralidade sexual e outros males. Como diz a canção evangélica infantil:
“Cuidado no olhinho no que vê, cuidado no olhinho no que vê, o Salvador do céu
está olhando pra você, cuidado no olhinho no que vê”. É preciso voltar o olhar
para o Senhor (4.10; Is 45.22, Hb 12.1-2).
- A multiplicação dos
pecados morais e sociais (4.2, 10-14). Perjúrios, mentiras, enganos, homicídios,
adultérios, prostituição, luxúria, glutonarias, incontinência, bebedices,
desobediência, corrupção, etc. A lista aqui se assemelha muito com as obras da
carne de Gálatas 5.19-21. Como se pode ver, os tempos mudam, mas os pecados do
povo de Deus permanecem os mesmos.A multiplicação dos pecados morais e sociais tem
relação direta com o pecado espiritual de rebeldia e insubmissão a Deus (4.12).Os
pecados morais e sociais que hoje se avolumam na Igreja são decorrentes do
baixo padrão de vida espiritual dos líderes e do povo em geral.
- A soberba e a autoconfiança (7.10; 10.13). Soberba e autoconfiança
caminham de mãos dadas. Dos dois sentimentos nasce o autoengano. Quando
associamos tudo isso, o que temos são pessoas que resolvem trilhar os próprios
caminhos e confiar nas próprias forças. Igrejas, ministérios, pastores, líderes
em geral, membros e congregados caíram nos laços da soberba, da autoconfiança e
do autoengano, pensando ser quem não são, pensando ter o que não possuem,
pensando fazer o que não podem. Fizeram-se deuses, tornaram-se senhores de si
mesmos, estabeleceram o próprio caminho a seguir, a própria vontade a obedecer.
O juízo de Deus virá sobre os que não se arrependerem dos seus pecados.
- As alianças reprováveis (7.11). A falta de entendimento faz com que
se busque na força do poder temporal o apoio aos projetos institucionais e a
proteção da nação (povo de Deus). Precisamos discernir e perceber os limites da
relação entre a igreja e o Estado, e entre a igreja e as instituições privadas.
Em nome do benefício à “obra”, e em nome da preservação do direito do crente
enquanto cidadão, nada justifica a negociação de princípios e de valores
cristãos.Nada abona a compra e venda de privilégios ou influências com
políticos ou empresários. O Senhor é o nosso provedor e protetor, e duvidar disso
é duvidar de seu caráter, verdade, bondade e santidade (7.15).
- O problema com uma liderança não estabelecida por Deus e corrompida
(8.4; 9.8-9). A declaração é de que “Eles fizeram reis, mas não por mim;
constituíram príncipes, mas eu não o soube;” é grave. Nos dias atuais vivemos a
mesma realidade. O povo está fazendo líderes para si, desejando com isso que os
tais aprovem e apoiem os seus pecados. Os referidos líderes não possuem nenhuma
autoridade espiritual, pois não foram estabelecidos pelo Senhor. São líderes
que vivem ou apoiam o pecado do adultério, da união homossexual, do divórcio,
da injustiça social, da pluralidade religiosa, do liberalismo teológico e
outros. Há líderes e igrejas para todos os gostos e desgostos. E o que falar
dos profetas na atualidade (Ef 4.11)? Assim como nos dias de Oseias, muitos já perderam
a autoridade profética por se venderem por tão pouco, por estarem a serviço de
lideranças corruptas e corruptíveis. Há profetas mercenários, que recebem
dinheiro ou privilégios para profetizar conforme a conveniência daqueles que
pagam os seus salários ou cachês. Dessa forma: “o profeta é como um laço de
caçador de aves em todos os seus caminhos, um inimigo na casa do seu Deus”.
- A edificação de palácios e fortalezas (8.14). A segurança de uma
instituição cristã não repousa na riqueza e no valor do seu patrimônio físico e material. Chamo mais uma vez a atenção para toda a sorte de abuso e desperdício
dos recursos financeiros da igreja na construção de megas catedrais e de
outras imponentes edificações. Sem generalismo ou denuncismo algum, com temor e
tremor, pergunto aos nossos amados líderes e companheiros: Não estaríamos
cedendo às pressões do “mercado” evangélico, onde o esplendor arquitetônico
vale mais do que o próprio culto, e o luxo mais do que a simplicidade e a
praticidade? Não estamos cedendo à tentação de “eternizar” os nossos nomes
através da construção de obras faraônicas, nabucodonosorianas e
constantinianas? Não estamos tentando dar demonstrações de força ministerial,
mediante uma competição onde quem faz um templo maior e mais luxuoso é quem parece ter e poder mais? Não poderíamos estar canalizando mais recursos financeiros da
igreja para a obra missionária e social? Estamos de fato construindo,
edificando “palácios e cidades fortes” para a glória de Deus? Que cada líder e
igreja faça uso de sua consciência cristã para responder a tais questões.
Não me coloco aqui na
condição de juiz, mas na posição de atalaia do altíssimo.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Na base de todos os
problemas e dos pecados da nação estava o descaso, a negligência, a falta de conhecimento
de Deus (hb. da‘ath), ou seja, do
discernimento e da percepção de sua ação e vontade. O conhecimento (hb. yadha‘) no sentido de relação pessoal,
amizade e intimidade com o Criador estava também comprometido:
Ouvi
a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda
com os habitantes da terra, porque não há verdade, nem benignidade, nem
conhecimento de Deus na terra. (4.1)
O
meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste
o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de
teus filhos. (4.6)
Diante da clareza dos fatos,
entendo que a melhor maneira de concluir o presente texto é com a própria exortação
do profeta Oseias, e com uma mensagem de esperança:
Conheçamos
e prossigamos em conhecer o SENHOR: como a alva, será a sua saída; e ele a nós
virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
(6.3)
Natal-RN, 05/10/2012
2 comentários:
Otimo artigo e subsidio para os professores Pr Altair Germano, seus comentarios tem sido um auxilo e um aperfeiçoamento como professor de ebde palestrante de diversas area.
Lhe deixo meu email para o senhor me mandar se assim puder algums estudos sobre o velho testamento Deus te abençoe e tu use a cada dia.....
A PAZ DO SENHOR Pr. Altair Germano,
Como sempre os comentários do Pr. Altair Germano, são esclarecedores e nos fazem refletir sobre o assunto abordado.
Sendo de grande relevância para aqueles que querem aprender mais da PALAVRA DE DEUS.
DEUS CONTINUE LHE ABENÇOANDO!
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